Crescemos ouvindo histórias de contos de fadas nas quais geralmente há um príncipe e uma princesa
(ou personagens semelhantes a esses), os quais passam por situações difíceis e lutam com vilões para no final casarem-se e viverem felizes para sempre.
Os contos de nos mostram a relação do casal enquanto há algo que os mantém separados. Mas... e quando eles finalmente ficam juntos? Se pudéssemos saber da história dos cônjuges após o "fim os livros", como ela seria?
Conheço pessoas do meu convívio social que queixam-se de dificuldades em seus relacionamentos amorosos. Diante disso, já me fiz muitas vezes a mesma pergunta:
-O que é um bom relacionamento?
Pesquisando a história percebo que mais ou menos até a década de 70, havia muitos menos divórcios do que há atualmente.
Isso demonstra que os casais eram mais felizes? Que eles se amavam mais?
Antigamente valorizava-se mais a estabilidade, a segurança e a dedicação. Atualmente, os valores humanos estão mais voltados para o sucesso pessoal e profissional, acumúlo de capitais e rapidez nas coisas. Nao é a toa que nos tornamos competitivos e individualistas. Estamos muito preocupados com a busca pela felicidade e retirando de nosso caminho qualquer situação que não contribua prontamente com esse objetivo.
Desse modo, vemos que há muita rotatividade nos empregos e também nos relacinamentos. Nos questionamos se aquilo nos deixa alegres e, caso não o faça, procuramos rapidamente alguma outra coisa.
O "ficar" é um fenônemo relativamente recente e um exemplo disso. Através dele dele, temos a chance de experimentar estar com uma ou mais pessoas em um grau grande de intimidade (fisica pelo menos) em um curto espaço de tempo, podendo a qualquer momento desvencilhar dessa relação. percebe-se assim que temos muito mais oportunidades de vivenciar diferentes experiências mas, isso não parece nos tornar mais felizes. O que está acontecendo então?
Percebo que háuma grande valorização em relação ao bem-estar pessoal e a urgência de que as coisas ocorram rapidamente. A princípio, isso não é necessariamente ruim. No entanto, o que vejo é que acamos tendo muito menos tolerância á frustação do que as gerações anteriores. Isso faz com que desenvolvamos uam dinâmica de que precisamos ser atendidos, e caso isso não ocorra, descartamos aquilo que nos frusta e buscamos rapidamente alguma outra coisa para ocupar esse espaço.
Como ficam então os relacionamentos amorosos diante disso, uma vez que são duas pessoas envolvidas e cada uma interessada em seu próprio bem-estar?
Não me recordo de nenhum relacionamento em que não haja conflitos, discussões, discordâncias, brigas, etc...
Desse modo, podemos concluir que os relacionamentos amorosos são são situações saudáveis?
As relações amorosas seriam um empecilho para o desenvolvimento pessoal?
Penso que talvez justamente essa percepão que cause tantas perturbações nos relacionamentos. Quando vemos o outro como um trampolim para a nossa felicidade ou como um obstáculo a ela, podemos ter a certeza de que haverá problemas. Ninguem foi feito para atender a demanda do outro,, bem como nós também não nos encaixamos perfeitamente nos desejos do que o outro idealiza.
Se a ideia que norteia a busca por uma relação amorosa for a de encontrar alguém que se adeque exatamente aos critérios estabelecidos, fatalmente essa busca falhará, pois príncipes e princesas encantados, que proporcionem finais felizes, só existem mesmo nos contos de fadas.
Somos todos humanos com predisposição a errarmos, além de termos históricos de vida com experiências, educação família, amigo etc... muito diferentes uns dos outros.
Dessa maneira após a paixão, todos seremos percebidos com nossas falhas e diferenças e, se a única força que mantinha o casal junto era a paixão, o relacionamento findará. Por outro lado, se houver a intenção da construção de algo mais sólido, o intuito de lidar com as dificuldades que aparecerem, a vontade de insistir frente aos possíveis problemas, o desejo de fazer as coisas darem certo, aí sim estaremos falando de amor e da possibilidade de uma relação duradoura. Para isso, paciência, tolerância, flexibilidade, dedicação, compartilhamento, abertura e confiança são só alguns dos pontos essenciais que devem estar presentes diariamente em um relacionamento amoroso.
Uma postura egoísta ou individualista não combina com uma relação amorosa. Não é amor que mantém as atitudes em um relacionamento, mas sim as atitudes que mantêm o amor. Simples assim.